A primeira vez que ele me disse, Gorda. Fiquei puta. Parei de comer doces e pão. Estava fraca, vivia enjoada. Há quatro meses não trasávamos. No trabalho uma mulher me irritava, meu cabelo estava caindo por causa de uma escova progressiva de oitenta reais. Foi muito barata, fiz num salão vagabundo com um travesti. Minha cabeça ardeu e o cabelo nos quatros primeiro dias ficou lindo mas depois começou a sair no pente como linha velha de roupa podre. Estava magra demais e cheia de problemas. Minha menstruação atrasou dias, meses e daí comecei a comer loucamente, doces, salgadinhos, macarão e ele me disse, você está ficando gorda. Eu estou grávida! Eu estava grávida e não me toquei. Deixei rolar, tudo deixei rolar, a porra do trabalho, ele, a comida e a menstruação atrasada. Eu não podia ter filhos e por isso quase nunca usava camisinha. Ele era o meu marido, é o meu marido. Por que camisinha? Já não trasávamos. Estava gravida de cinco meses. A barriga ficou pontuda, eu saí fora do trabalho e as coisas se acalmaram. A gravidez deixa a mulher mais serena, filosofava. A gravidez faz um homem amar mais a mulher. A vida perfeita do lar, lavar, comer, cozinhar e ver tv. Hoje, aos oito meses de gravidez me sinto estranha. Estou gorda, muito mais que era pra estar mesmo estando grávida. Ele recebe telefonemas e vai pra cozinha e depois sai. Eu grito puta. Ele me chama de imbecil. Na madrugada de 5 de maio eu apareci morta no chão da sala com a barriga pontuda pra cima. A casa tinha sido revirada. Ele chamou a polícia e chorou muito. A morte redime as pessoas e traz o amor. Filosofei do céu. Morri dormindo, tranquila. Não vi quase nada. Ele chegou junto com o bandido, um provavel imigrante ilegal que queria assaltar a nossa casa. Ele ainda chora, eu estou no purgatório e agora não filosofo sobre nada. Conclui e a policia tambem concluiu que foi ele quem me matou. Na hora em que ele chegou, veio até o quarto, me esfaqueou três vezes no peito. Eu dormia, senti a pontada e vi ele me olhando. Tinha esquecido, no céu você esquece de tudo. Até que você chega no purgatório e se lembra. Espero que na prisão ele assista a barriga dele crescer, um dia antes de morrer, coloquei uma lombriga na comida dele.
* a parti de um fato real. na Italia um marido assassinou a própria mulher grávida e tentou simular que tinha sido um assalto mas uma semana depois foi descoberto.
vendredi 17 août 2007
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