mercredi 2 juillet 2008

Espectadora lesada

Sou uma carioca que ganhou um mês de assinatura gratuita do Jornal Folha de São Paulo. Hoje acordei um pouco mais cedo do que de costume. Preparo o meu café e pego a Ilustrada para ler. Uma notícia me chama atenção: Secretaria da Cultuta cancela apoio a 4 longas. Não acreditei, achei um verdadeiro absurdo isso acontecer. Segundo a matéria um grupo de cineastas que não foram contemplados com o apoio, protestaram contra a indicação de filmes que aparentemente não tem a ver com a cidade de São Paulo e outros dois longas que teriam contrato de distribuição com um dos membros do júri, diretor de uma distribuidora.
Aos pontos: esses cineastas tem todo o direito de protestarem mas com isso eles acabaram trabalhando contra a cultura. Fazer um filme é muito difícil, envolve muito dinherio. Por isso o governo criou algumas leis de incentivo e existem esses editais. Quando alguns da classe são beneficiados, acho que é motivo de festa e não de protesto. O maior lesado nisso tudo é o espectador, o diretor faz o filme mas no fim o filme é do espectador. Me senti lesada ao ver que projetos interessantes tiveram o apoio cancelado. Projetos como "A Hora e a vez de Augusto Matraga", atente-se para o detalhe, este ano estamos comemorando o centenário de Guimarães Rosa, "Cabeça a Prêmio", baseado no livro de Marçal Aquino e "Eu receberia as piores notícias dos teus lindos lábios" também baseado no romance de mesmo nome do escritor Marçal Aquino e projeto do cineasta Beto Brant.

Os cineastas protestantes pediram a revisão do edital com base no item "1.2 - Somente serão selecionados projetos com vínculos culturais com a cidade de SP" O que se entende por vínculo cutural? No entender desses cineastas este vínculo significa fazer um filme no estado de São Paulo. Ao meu ver e compreensão, vínculo cultural entende-se também: o diretor é paulista e tem um trabalho sólido na cidade, caso de Beto Brant, cineasta com cinco bons longas e paulista nato. Também entendo como vínculo fortíssimo, obra baseada no romance de um autor paulista, ainda mais sendo ele um dos melhores autores do Estado e um dos escritores que mais tem trabalhado na criação de roteiros, caso de Marçal Aquino.

Fiquei muito triste ao ler a matéria. Triste com a reação mesquinha dos protestantes que agiram influenciando que menos um filme seja feito em breve. A ação de protesto ao invés de ter sido de reivindicação, foi uma ação contra a cultura, contra o cinema. E eu enquanto leitora e espectadora me senti lesada, mesmo sabendo que esses filmes receberão outros apoios e por fim chegarão as telas de cinema.

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